Exposição de ilustração de Ema M
Fábrica das Histórias - Casa Jaime Umbelino
21 de Fevereiro - 5 de Abril de 2014
Ema M, Chatêau-d’eau, 2012, óleo s/tela, 60x72cm
O Ornitorrinco
Branco
O Ornitorrinco Branco é o título da
exposição individual de Pintura e Ilustração de Ema M. A convite de Ana
Meirelles, esta exposição foi pensada para o espaço Fábrica das
Histórias/Casa-Museu Jaime Umbelino, em
Torres Vedras e segue a sua programação temática que, de momento, se
encontra ancorada a histórias infantis relacionadas com a água. A artista apresenta
trabalhos sobre tela, nomeadamente Le lievre et la tortue (a partir de As Fábulas de La Fontaine), e Chatêau d’eau (com citações de A Flauta Mágica de Mozart). Apresenta
também uma colecção de trabalhos sobre papel que ficcionam aquelas espécies
marinhas chamadas «Peixarosos» seguindo os registos próprios e caracterizadores
da ilustração científica. O Ornitorrinco
Branco é o personagem que serve de motivo e desafio a um amplo
imaginário construído a partir de histórias para crianças: as lendas, as ficções,
os sonhos e as fábulas. Em termos
históricos, a primeira colecção de fábulas que se conhece foi feita por
Demetrius de Phalerum em 320 a.C. e regista cerca de duzentas destas
histórias. As fábulas gregas que se conhecem hoje foram inicialmente de
tradição oral e só depois registadas em grego. A sua tradução para o latim é feita pelo
romano Rhomulo. Geralmente atribuídas a Esopo, são inúmeros os autores gregos
anónimos que usaram este género literário. É a Fedro, no século III d.C., que
se atribui o mérito da fixação formal do género fabular, partindo dos modelos
de Esopo
onde os animais assumem os defeitos e as virtudes humanas, bem como as suas
características. Estruturadas
como parábola ou apólogo (verdade moral que é expressa sob a forma da alegoria)
contêm
um corolário latente – uma lição a retirar nas suas entrelinhas. Mas «[As
fábulas] não são somente Morais, elas dão também outros conhecimentos. Quando
as propriedades e o carácter dos Animais são expressos, consequentemente,
também os nossos o são, pois somos abrangidos pelo que há de bom e de mau
nestas criaturas irracionais»[1].
Por seu lado, a pintura Chateau-d’eau
contém a frase «Lua esconde-te por um instante! Se é demasiado para o teu
olhar, então fecha os olhos» inscrita em idiomas diferentes, citada a partir do
libreto de A Flauta Mágica escrito
por Emanuel Schikaneder para o singspield
(ópera falada) musicado por Wolfgang Amadeus Mozart em 1790. Singspiel significa brincadeiras
cantadas, jogo com canções e é o termo musical que nomeia um género operático
caracterizado pela alternância entre partes faladas e cantadas. Um outro termo
musical semelhante Sprechgesang
refere a técnica vocal específica que se situa entre cantar e falar, ou seja,
fala-se com a colocação própria de quem canta. O termo significa literalmente,
falar a cantar, entoar a fala ou o discurso cantado na medida em que articula sprech (discurso) e gesang (canção). Mas não é só na ópera que se fala a cantar ou que
se canta a falar; também a contar histórias.
Margarida Prieto
Lisboa, 20 de Janeiro de 2014.
[1] LA FONTAINE ,
Fables, Paris, edições de
Georges Couton, Garnier, 1962, p. 9. (Do prefácio da primeira
compilação, datado de 1668).
Ema M, Peixarosos e outras espécies marinhas
2013-2014, guache e tinta-da-china s/papel algodão, 300g/m2, 31x41cm
Ema M, Peixarosos e outras espécies marinhas
2013-2014,
guache e tinta-da-china s/papel algodão , 43x61cm
Ema M, Peixarosos e outras espécies marinhas
2013-2014, guache e tinta-da-china s/papel algodão, 300g/m2, 31x41cm
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