segunda-feira, 17 de fevereiro de 2014

O Ornitorrinco Branco

Exposição de ilustração de Ema M

Fábrica das Histórias - Casa Jaime Umbelino

21 de Fevereiro - 5 de Abril de 2014

Ema M, Chatêau-d’eau, 2012, óleo s/tela, 60x72cm 


O Ornitorrinco Branco

O Ornitorrinco Branco é o título da exposição individual de Pintura e Ilustração de Ema M. A convite de Ana Meirelles, esta exposição foi pensada para o espaço Fábrica das Histórias/Casa-Museu Jaime Umbelino, em  Torres Vedras e segue a sua programação temática que, de momento, se encontra ancorada a histórias infantis relacionadas com a água. A artista apresenta trabalhos sobre tela, nomeadamente Le lievre et la tortue (a partir de As Fábulas de La Fontaine), e  Chatêau d’eau (com citações de A Flauta Mágica de Mozart). Apresenta também uma colecção de trabalhos sobre papel que ficcionam aquelas espécies marinhas chamadas «Peixarosos» seguindo os registos próprios e caracterizadores da ilustração científica. O Ornitorrinco Branco é o personagem que serve de motivo e desafio a um amplo imaginário construído a partir de histórias para crianças: as lendas, as ficções, os sonhos e as fábulas.  Em termos históricos, a primeira colecção de fábulas que se conhece foi feita por Demetrius de Phalerum em 320 a.C. e regista cerca de duzentas destas histórias. As fábulas gregas que se conhecem hoje foram inicialmente de tradição oral e só depois registadas em grego. A sua tradução para o latim é feita pelo romano Rhomulo. Geralmente atribuídas a Esopo, são inúmeros os autores gregos anónimos que usaram este género literário. É a Fedro, no século III d.C., que se atribui o mérito da fixação formal do género fabular, partindo dos modelos de Esopo onde os animais assumem os defeitos e as virtudes humanas, bem como as suas características. Estruturadas como parábola ou apólogo (verdade moral que é expressa sob a forma da alegoria) contêm um corolário latente – uma lição a retirar nas suas entrelinhas. Mas «[As fábulas] não são somente Morais, elas dão também outros conhecimentos. Quando as propriedades e o carácter dos Animais são expressos, consequentemente, também os nossos o são, pois somos abrangidos pelo que há de bom e de mau nestas criaturas irracionais»[1].
Por seu lado, a pintura Chateau-d’eau contém a frase «Lua esconde-te por um instante! Se é demasiado para o teu olhar, então fecha os olhos» inscrita em idiomas diferentes, citada a partir do libreto de A Flauta Mágica escrito por Emanuel Schikaneder para o singspield (ópera falada) musicado por Wolfgang Amadeus Mozart em 1790. Singspiel significa brincadeiras cantadas, jogo com canções e é o termo musical que nomeia um género operático caracterizado pela alternância entre partes faladas e cantadas. Um outro termo musical semelhante Sprechgesang refere a técnica vocal específica que se situa entre cantar e falar, ou seja, fala-se com a colocação própria de quem canta. O termo significa literalmente, falar a cantar, entoar a fala ou o discurso cantado na medida em que articula sprech (discurso) e gesang (canção). Mas não é só na ópera que se fala a cantar ou que se canta a falar; também a contar histórias.
Margarida Prieto
Lisboa, 20 de Janeiro de 2014.


[1]  LA FONTAINE, Fables, Paris, edições de Georges Couton, Garnier, 1962, p. 9. (Do prefácio da primeira compilação, datado de 1668).



Ema M, Peixarosos e outras espécies marinhas 
2013-2014, guache e tinta-da-china s/papel algodão, 300g/m2, 31x41cm 





Ema M, Peixarosos e outras espécies marinhas 
2013-2014, guache e tinta-da-china s/papel algodão , 43x61cm 




Ema M, Peixarosos e outras espécies marinhas 
2013-2014, guache e tinta-da-china s/papel algodão, 300g/m2, 31x41cm 




Sem comentários: