quarta-feira, 15 de outubro de 2014

LAPSUS MEMORIAE, EXPOSIÇÃO DE EMA M NO MUSEU DO TRABALHO, PORTO ALEGRE, RIO GRANDE DO SUL, BRASIL. CURADORIA DE PAULO GOMES




MUSEU DO TRABALHO

VISTA DA INSTALAÇÃO "PAISAGENS"









EMA M, Uma Lua para brincar, 2013
papel japonês impresso a jacto de tinta, 31.5x21cm 
 óleo s/tela colada em madeira de faia, fita de veludo, 15x15cm 



EMA M, Tudo está feito, 2013
papel japonês impresso a jacto de tinta, 31.5x21cm 
 óleo s/tela colada em madeira de faia, fita de veludo, 15x15cm



EMA M, Bola de sabão, 2013
papel japonês impresso a jacto de tinta, 31.5x21cm 
 óleo s/tela colada em madeira de faia, fita de veludo, 15x15cm 



EMA M, Castelo, 2013
papel japonês impresso a jacto de tinta, 31.5x21cm 

 óleo s/tela colada em madeira de faia, fita de veludo, 15x15cm



EMA M, Depois da chuva, 2013
papel japonês impresso a jacto de tinta, 31.5x21cm 
 óleo s/tela colada em madeira de faia, fita de veludo, 15x15cm



EMA M, Ilha, 2013
papel japonês impresso a jacto de tinta, 31.5x21cm 
 óleo s/tela colada em madeira de faia, fita de veludo, 15x15cm



EMA M, Num qualquer dia de Fevereiro, 2013
papel japonês impresso a jacto de tinta, 31.5x21cm 
 óleo s/tela colada em madeira de faia, fita de veludo, 15x15cm



EMA M, O odor da Terra, 2013
papel japonês impresso a jacto de tinta, 31.5x21cm 
 óleo s/tela colada em madeira de faia, fita de veludo, 15x15cm



EMA M, 2013
papel japonês impresso a jacto de tinta, 31.5x21cm 
 óleo s/tela colada em madeira de faia, fita de veludo, 15x15cm



EMA M, Tarde, 2013
papel japonês impresso a jacto de tinta, 31.5x21cm 
 óleo s/tela colada em madeira de faia, fita de veludo, 15x15cm

 




MUSEU DO TRABALHO

VISTA DA INSTALAÇÃO "PINCÉIS"








 EMA M, Pincel # 2, 2013, óleo s/tela, 35x28cm


 EMA M, Pincel # 10, 2013, óleo s/tela, 35x28cm


 EMA M, Pincel # 11, 2013, óleo s/tela, 35x28cm


 EMA M, Pincel # 12, 2013, óleo s/tela, 35x28cm


EMA M, Pincel # 13, 2013, óleo s/tela, 35x28cm


EMA M, Pincel # 14, 2013, óleo s/tela, 35x28cm


EMA M, Pincel # 15, 2013, óleo s/tela, 35x28cm







Lapsus Memoriae, ou sobre os pincéis e as paisagens de Ema M 

por  PAULO GOMES

Quem é Ema M? O que faz Ema M? Por que Ema M faz o que faz? Muitas são as perguntas que surgem quando nos deparamos com um artista e sua obra, principalmente se essa obra se reveste de um caráter distintivo daquilo que normalmente vemos em exposições de pinturas: trabalhos marcados pela excelência, pelo virtuosismo de sua concepção e, ainda, pela erudição que deles emanam, provocando admiração e deleite nos especialistas, mas também causando estranhamento em seus espectadores.
As obras sobre as quais nos debruçaremos integraram a exposição intitulada Lapsus Memoriae, apresentada no Museu do Trabalho, em Porto Alegre (Brasil), no período de 04 de dezembro de 2013 a 26 de janeiro de 2014. Sob a chancela de Ema M, a exposição, estava dividida em dois momentos, a saber, 15 Pincéis e As Paisagens, que tratavam de aspectos recorrentes na poética da artista, a saber: a erudição da pintura, seus atores, técnicas e instrumentos (tanto materiais quanto intelectuais) e as questões das imagens e da percepção. Foi uma mostra que atraia pela objetividade e imediatez de sua comunicação, imergindo os espectadores no universo da pintura.     



Os 15 Pincéis

O segmento sob o qual nos deteremos inicialmente é aquele intitulado 15 Pincéis, no qual a artista apresentou esses instrumentos da pintura – os pincéis – personagens ubíquos e indispensáveis e, no entanto, praticamente invisíveis, verdadeiros personagens secundários da arte da pintura e também da história da arte.
            As pinturas da série 15 Pincéis estão plenamente enquadradas dentro do gênero intitulado natureza-morta, isto é, representações de objetos inanimados, no qual os artistas se esmeram nos efeitos virtuosísticos da simulação e da mimese. Os objetos das naturezas mortas de Ema M são, evidentemente, os pincéis: nessa série, de quinze pinturas, eles estão em destaque, individualizados e personalizados, apresentados em naturezas-mortas econômicas, sintéticas e rigorosas. 
São pinturas que, por sua estrutura e composição, nos remetem irresistivelmente às naturezas-mortas “encaixotadas” do mestre do Barroco espanhol Juan Sanchez Cotán (Orgaz, 1560 – Granada, 1627). Cotán pintou, dentre outros gêneros, os chamados bodegóns ou naturezas-mortas, obras cujo caráter distintivo está no realismo, na economia e no destaque dado aos objetos, em detrimento do fundo ou cenário nos quais eles se colocam.
Esses bodegóns nos apresentam alimentos – legumes, frutas, aves, suspensos sobre um fundo geométrico. Suspensos não por acaso, mas também como remissão a estratégia daqueles tempos para evitar a sua degradação, evitando o contato de qualquer uma de suas partes com as superfícies.
O fundo geométrico – platibandas de janelas ou armários, não sabemos – opõe-se a organicidade dos alimentos, criando um fundo neutro que põe em destaque o objeto representando, evitando toda dispersão. As formas suspensas destacam-se do fundo como se estivessem fora de contato, permitindo que a luz interna, oriunda de um único ponto, incida diretamente sobre os objetos, destacando-os contra o fundo escuro e valorizando-os em oposição à neutralidade do cenário. O realismo exacerbado da representação dos objetos dá-lhes um caráter místico, destacando-os com uma qualidade quase escultórica. O isolamento leva-nos a observá-los sob outro ângulo, ressaltando-os não como alimentos ou objetos, mas como entidades que surgem de forma imprevisível e inédita: Cótan suprime os personagens tradicionais das Vanitas, principalmente aqueles que remetem mais intensamente a efemeridade da vida, ou seja, a caveira e a vela, colocando-nos em comunhão direta com essas entidades orgânicas fragilmente suspensas. Inevitável nos inquietarmos e identificarmos com a leveza e a fragilidade das formas suspensas.
            Ema M, ao fazer a transposição dos alimentos para os pincéis opera com as mesmas premissas de Cotán: a economia de meios como estratégia para a densificação da pintura. Ao substituir os alimentos do corpo pelo instrumento utilizado pelos pintores, Ema M cria pinturas plenas de referências e remissões à arte da pintura. Essa homenagem a própria arte da pintura, através de um de seus componentes fundamentais, os pincéis, coloca em destaque esses objetos tão pouco observados e quase nada valorizados.
E os pincéis, o que são? O pincel, (do latim peniculus, pequena cauda) é um instrumento de pintura, de desenho ou de escritura, composto de um cabo ou haste (de madeira ou plástico) munido na sua extremidade de um tufo de pelos naturais ou fibras sintéticas, mantidos graças a uma presilha de metal ou amarrados com fios. Existe ainda outra terminologia para designar o tufo: a raiz, ou a parte mais próxima da presilha, o ventre, que caracteriza a parte central ou mais espessa do pincel e, por fim, a flor dos pelos, ou a ponta. Os pinceis tem diferentes tamanhos e formas: eles podem ser redondos, chatos longos, chatos curtos ou quadrados, em leque, chanfrados, finos etc., a serem usados de acordo com o material empregado, seja tinta a óleo, acrílica, nanquim, aquarela etc. Se antigamente os artistas fabricavam eles mesmo seus pincéis, seria preciso esperar o final século XVIII para que surgisse a etapa importante das primeiras oficinas de fabricação especializadas. Há todo um universo ainda por conhecer sobre os pincéis: os tipos de pelos, suas finalidades específicas, seus modos de usar...
Os pincéis compartilham da dupla cidadania de ferramentas e instrumentos: a primeira pelo seu caráter de apetrecho necessário a uma arte e ofício; na segunda pelo fato de ser um objeto que ajuda a levar a efeito uma ação física. São objetos comuns, sem aura, ao contrário das paletas, das telas, dos cavaletes, dos tubos de tinta, estes todos carregados de poesia e significados. Exemplos? Os pincéis praticamente inexistem na arte enquanto representações. Que pinturas mostram pincéis? Jean-Baptiste-Siméon Chardin (Paris, 1699 – Paris, 1779), mestre francês do século XVIII, nos apresenta, em algumas de suas naturezas-mortas esses personagens. De um modo bastante discreto na primeira (Figura 6) e, de modo mais evidente, na segunda. Mas aqui eles não assumem o protagonismo das personagens dessas obras, eles são meros figurantes.  
Se os holandeses se dedicaram a retratar uma parafernália de objetos em suas naturezas mortas como, por exemplo, nas mil flores de Balthasar van der Ast (Middelburg, 1594 – Delft, 1657) ou nas mesas postas de Wilem Claesz Heda (Harlen, 1594 – 1680) nestas, os pincéis e os equipamentos da pintura estão curiosamente ausentes. Ausência intrigante quando olhamos para o maravilhoso auto-retrato de David Bailly (Leyden, 1584 – 1657), no qual temos esculturas, desenhos, pinturas e mesmo uma paleta presa à parede e, coisa notável, nenhum pincel!

Mas voltemos aos pincéis de Ema M. Seus pincéis são sujeitos da sua pintura: estão sós, individualizados, emoldurados/encaixotados, mas em recipientes abertos, dando-se a ver em toda a sua potência de indivíduos. Jean-Paul Sartre escreveu que “para sonhar a dissociação de um indivíduo [do todo] é preciso primeiro saber individualizá-los” (Sartre, 2014: p.17). Ao individualizar o pincel, Ema M dá a ele sua unicidade que nos permite percebê-los como a totalidade até o momento invisível: eu vejo pincéis, nunca vejo “o pincel”. É no centro da sua pintura, feita exclusivamente com um pincel, que percebemos sua importância e seu caráter vital: não se pinta sem pincel (mesmo quando uso um simulacro ou um símile, estou usando um pincel). O pincel adquire sua essência de ser, de indivíduo na arte da pintura. Conquista seu lugar de direito como a prótese mais próxima que os humanos encontraram para o cérebro que pinta (assim como o lápis ou o carvão para o desenhista); é a ferramenta do obreiro pintor, é a extensão, enfim, do próprio artista.
            Esses 15 Pincéis, no dizer da própria artista, são descrições que retratam as variedades deste objeto. Mas são bem mais do que isso: os pinceis não são, e nunca foram, simples objetos. Lembremo-nos que lavar os pincéis era a primeira atividade, no rol das infindáveis tarefas dos aprendizes nas oficinas, a ser aprendida. Sua importância estava decretada por este simples gesto: deixar íntegra e incólume a ferramenta/instrumento. Essas pinturas trazem na sua própria economia não somente a descrição desse objeto pincel, mas a própria idéia da pintura enquanto tema e com suas correlações com a erudição, com o tema da pintura sobre a pintura, com o tema do artista em atividade, da linguagem da pintura. Trata-se de uma série de obras que articula um tema excepcional por sua raridade a uma estratégia compositiva culta: um exercício de virtuosismo que permite que a economia do resultado esconda, com grande habilidade, a densidade de seu tema e de seu objeto.




As 44 Paisagens


A outra série de obras que integra Lapsus Memoriae, intitulada de Paisagens, trata desse tema vital para a arte da pintura que é a representação da natureza. Nesta série temos 44 telas de pequenos formatos (15 x 15 cm) representando cenários naturais. A proposta é a de um exercício evocativo dos registros de viagem, sendo que cada uma destas pinturas está acompanhada por um poema, impresso numa folha de papel japonês, constituindo dípticos inseparáveis. Partindo de uma proposta lapidar e econômica da artista temos 44 pequenas telas, idênticas no formato e no tema, e 44 poemas evocativos, impressos em papéis de mesmo formato, constituindo unidades.
Parece-nos que não há muito que especular a partir dessa série, pois, assim como na primeira dos 15 Pincéis, a limpidez e transparência dos objetivos estão mais do que evidentes. Observar a série é um exercício de dupla leitura: das imagens e dos textos e a primeira expectativa é a de que um complemente, ou ao menos, explique o outro. É uma expectativa vã e absurda, pois a evidência da paisagem pintada por si só elimina quaisquer dúvidas sobre o que vemos e, a leitura dos textos (não chamemos ainda de nada além de textos) do mesmo modo como não informa sobre o que vemos, tão pouco acrescenta algo objetivo ao que vemos.
Do que se trata afinal? Um jogo, evidentemente. Um jogo de olhares, um jogo perceptivo e um jogo erudito, certamente. Se formos buscar uma ancoragem para este jogo erudito teríamos que, obrigatoriamente, fundearmos nossas expectativas na écfrase. Mas não se trata disso, pois esses textos não descrevem as paisagens: nem as que vemos nem, tão pouco, outras paisagens quaisquer. São aforismos, dísticos, impressões. Tudo muito vago e grávido de possibilidades. Vejamos um desses dípticos:
Apesar da informação de que a pintura precede o texto, o que vimos na exposição foi o contrário, o texto precedendo a pintura: isso obriga a ler antes de ver. Neste díptico, intitulado O mais belo dos Jardins, o que lemos? Um poema seria arriscado, já falei em dísticos ou aforismos, mas aqui nos parece uma forma à japonesa, um quase haicai, há um mesmo tempo evocativo e objetivo, como uma advertência:

O mais belo dos Jardins
É feito de sons e memórias

Da deslocação do ar
Da luz

Não nos diz quase nada, apenas informa sobre uma impressão pessoal e particular da artista, uma espécie de antevisão do paraíso intelectual que a estimula. Ao olharmos a pintura, que acompanha o texto, vemos um surpreendente volume geométrico, de arestas duras, simulando uma espécie de caixa de areia ou área delimitada por muros. Área definida, mas que não comporta dentro de si nada alheio e estranho ao que a entorna: trata-se do mesmo lugar asséptico, esfriado e gelado. Um lugar nevado ou um deserto noturno a luz da lua, talvez? Vemos que se uma coisa não se refere à outra, ao menos de modo direto, uma e outra coisa tão pouco se relacionam de modo objetivo: de que jardim fala Ema M? Do hortus conclusus medieval? Mas esse é árido, infértil, mas não tão longe da potência alegórica daquele...
Se O mais belo dos Jardins não entrega a mensagem, nada devemos esperar de Uma grande palavra para dizer tudo de uma só vez . Não se a expectativa for da ordem de um desvelamento ou deciframento, pois não há o que decifrar ou o que desvelar: tudo está evidente e explícito... Vamos tentar por outro caminho e veremos que as coisas podem ficar às claras: aceitemos esses trabalhos como anotações de viagem. Folhas soltas de um caderno de viajante e explorador, em contínuo deslocamento por lugares inconcebíveis somente no universo da ficção, como as cidades criadas por Ítalo Calvino, as pinturas propostas por William Beckford, as écfrases alucinantes de Georges Perec. Uma grande palavra para dizer tudo de uma só vez... já seria um título e tanto se não fosse todo o texto! Vejamos a imagem: um vulcão em erupção. Uma erupção esfriada, como se em vez do fogo e da lava habituais tivéssemos fumaça e cinza. Falei em algum momento ulterior em impressões e me ocorrem às prodigiosas anotações de J.W.Goethe, em sua Viagem à Itália 1786-1788, principalmente ao afirmar que “Pode-se dizer o que se quiser em benefício das tradições orais e escritas, mas somente em pouquíssimos casos elas serão suficientes, uma vez que são incapazes de transmitir o verdadeiro caráter do seu objeto, e até mesmo coisas do espírito. Uma vez, porém, visto o objeto, então, se poderá com prazer ler e ouvir a seu respeito, pois a isso juntar-se-á a impressão viva; somente aí é que se poderá refletir e julgar” (Goethe, 1999, p. 183).

No caso a evocação a Goethe vem não somente da descrição pormenorizada, mas da sua também prodigiosa imagem da erupção do Vesúvio na noite de 2 de junho de 1787, que ele potencializa ao escrever “Por mais que tenhamos ouvido falar de uma coisa, sua peculiaridade somente se nos apresenta de fato mediante a observação direta. [...] O terrível e o belo, o belo e o terrível [...]” (Goethe, 1999, p. 257).
O fato das paisagens de Ema M transitar entre o texto e a imagem, ou seja, entre o lisível e o visível, é o que lhes dá densidade e potência de legibilidade. Conscientes dos recursos contemporâneos utilizados pela artista, senhora de seus meios materiais e intelectuais, e de seu domínio da história da arte, sabemos que Ema M transita confortavelmente da mais remota tradição da arte até os mais ardilosos recursos conceituais. Assim a legibilidade de sua obra não se dá de modo fácil ou evidente, ao contrário, suas narrativas (pois é isso que essas paisagens são) são ocultas. Existe, entretanto um termo da hermenêutica (emprestado do Latim) e que pertence ao vocabulário da alegoria medieval, que me parece apropriado quando falo de narrativas ocultas: intergumentum ou involucrum, que pode ser traduzido por envelope ou cobertura e que significa “uma espécie de demonstração escondida sob um discurso fabuloso, envelopando a compreensão da verdade” (Jarrety, 2001, p. 229). Talvez sobre isso que Ema M nos queira fazer ver em suas Paisagens, desse ver e escrever e ler, emaranhados e intrinsecamente ligados, que insistimos em deslindar, como se ao fazermos isso pudéssemos chegar à essência das coisas. É como na trágica anedota do curioso que disseca o corpo morto em busca da alma que o anima...  

Coda
Pensemos na insistência dessa jovem artista em buscar, nos modos e formas do passado, e ainda, em coisas das mais elementares, os motivos de sua obra. Se Lapsus Memoriae é o irônico título que ela escolheu para essa dupla série de trabalhos devemos obrigatoriamente procurar um significado. Não há evidentemente um lapso na memória da artista, ao contrário, sua memória é um potente ativador do nosso esquecimento crônico de coisas essenciais da arte, tais como seus instrumentos/ferramentas e suas formas primordiais e suas ramificações perceptuais. Talvez ela queira que nos percebamos que a produção artística é, antes de uma demonstração de virtuosismo ou inteligência, um humilde exercício de transmissão da sua longa tradição, constituída ao longo dos tempos por centenas de artistas e seus fruidores. Será que nós esquecemos isso? Ouçamos as sábias  palavras do nobilíssimo Mario Praz, que escreveu : “On ne juge pas une époque seulement par ce qu’elle produit, mais aussi, et même davantage, par ce qu’elle met en valeur, et surtout par les éléments du passé qu’elle revalorise.”


Referências

Balthasar van der Ast. [Consult. 2014,01,25]  Disponível em http://www.wga.hu/index1.html
>
David Bailly. [Consult. 2014, 01, 25] Disponível em http://www.wga.hu/index1.html
>
Goethe, Johann Wolgang (1999). Viagem à Itália: 1776-1788. Tradução de Sérgio Tellaroli. São Paulo: Companhia das Letras.
Johann Wolgang Goethe. [Consult. 2014, 03, 14]Ilustração: Erupção do Vesúvio na noite de 2 de junho de 1787. Disponível em http://www.goethezeitportal.de/fileadmin/Images/db/wiss/goethe/schnellkurs_goethe/k_5/goethe_vulkanausbruch.jpg
Jarrety, Michel (org.) (2001). Léxique des termes littéraires. Paris: Librarie General Française. 
Jean-Baptist-Siméon Chardin. [Consult. 2014,01,25] Disponível em http://www.wga.hu/index1.html
>
Juan Sanchez Cótan. [Consult. 2014,01,25]  Disponível em http://www.wga.hu/index1.html
>
Moisés, Massaud (1978) Dicionário de Termos Literários. São Paulo: Editora Cultrix.
Wilem Claesz Heda. [Consult. 2014,01,25]  Disponível em http://www.wga.hu/index1.html
>
Praz, Mario (1989). Le pacte avec le serpent. Paris: Christian Bourgeois Éditeur.
Sartre, Jean-Paul (2013). O Idiota da Família, Gustave Flaubert de 1821 à 1857, v.1. Porto Alegre, RS: L&PM. .
Souriau, Etienne (2004). Vocabulaire d’Ésthetique. Paris : PUF.
Schleiper Brochures [Consult. 2013,12,28] Disponível em http://www.schleiper.com/SCHLEIPER_BROCHURES/PENSELEN/FR/PEN_FR00_04.PDF






Paulo Gomes (Paulo César Ribeiro Gomes, Rio de Janeiro, 1956). Artista visual, curador independente e crítico de arte. Bacharel em Artes Plásticas (1995), Mestre em Artes Visuais – Poéticas Visuais (1998), Doutor em Artes Visuais – Poéticas Visuais (2003) todas pela UFRGS. Fez, no período de 2001/2002 o Estágio Doutoral na EHESS - École des Hautes Études en Sciences Sociales, em Paris (França). Atualmente é professor Adjunto 1 no Departamento de Artes Visuais do Instituto de Artes da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), atuando no Bacharelado em Artes Visuais e no Bacharelado em História da Arte e atua como professor permanente no Programa de Pós-Graduação em Artes Visuais, da Universidade Federal de Santa Maria (UFSM).

VISIBILIA Exposição individual de Ema M no Museu Grão Vasco. Curadoria de José María Parreño


VISIBILIA



Desde los mismos albores de la filosofía, desde Aristóteles, se ha considerado la vista el instrumento por excelencia del conocimiento. Así la imagen ha ocupado en nuestra cultura un carácter central. Sin embargo, el arte del siglo XX y del XXI insiste en que lo más importante de la obra de arte no está a la vista. Esta exposición trata precisamente de esta contradicción. Juega a pintar lo que se sabe, pero no se ve. También juega a hacernos dudar acerca del poder de la imagen frente al de la palabra. Juego serio, claro, pero en todo caso, señoras y señores: “pasen y vean”, o pasen y crean, ¡o pasen y jueguen!



José María Parreño
Segovia, 29 de Junio de 2014


  

Desde a alvorada da filosofia, desde Aristóteles, a visão foi considerada o instrumento do conhecimento por excelência. É assim que a imagem passa a ocupar um carácter central na nossa cultura. No entanto, a arte dos séculos XX e XXI insiste que o mais importante da obra de arte não está à vista. Visibilia trata precisamente desta contradição. Joga a pintar o que se sabe mas não se vê. Joga também a fazer-nos duvidar sobre o poder da imagem em confronto com o da palavra. Jogo sério, claro, mas, em todo o caso, senhoras e senhores: Venite et videte!, ou venham e vejam!, ou venham e joguem!

José María Parreño
Segóvia, 29 de Junho de 2014.



  
MUSEU GRÃO VASCO

SALA DE EXPOSIÇÕES TEMPORÁRIAS
VISTAS DA INSTALAÇÃO




















Ema M, D. Pedro IV, 2014, óleo s/ tela, 50x40cm
A partir de Simplício Rodrigues de Sá, D. Pedro IV, c.1830, óleo s/ tela, Museu Imperial, Brasil 

Ema M, D. Filipe II, 2014, óleo s/ tela, 40x40cm
A partir de Bartolomé González, Felipe II, Rey de España, sedente, 1615, óleo s/ tela, 160x109 cm, Museu do Prado, Madrid

Ema M, D. Maria Anna Josefa Habsburgo, 2014, óleo s/ tela, 50x40cm
A partir de Pompeo-Girolamo Batoni, Retrato de D. Maria Ana de Áustria, séc. XVIII, óleo s/ tela, 90x68 cm, Museu Nacional da Ajuda, Lisboa

Ema M, D. Maria de Aragão e Castela, 2014, óleo s/ tela, 50x40cm.
A partir de autor anónimo, D. Maria de Aragão e Castela, (s.d), Casa Pia - Biblioteca Pina Manique, Lisboa (origem: Mosteiro de Belém)

Ema M, D. Sebastião I, 2014, óleo s/ tela, 49x34cm
A partir de Cristóvão de Morais, Retrato de D. Sebastião, c. 1572-1574, 
óleo s/ tela, 100x85 cm, Museu Nacional de Arte Antiga, Lisboa

Ema M, D. Mafalda de Sabóia, 2014, óleo s/ tela, 45.5x35.5cm
A partir de Portucalensis Regina, (sem data, técnica e dimensões), Museu da Marinha, Lisboa

Ema M, D. Urraca de Castela,  2014, óleo s/ tela, 46x38cm
A partir de Carlos Múgica y Pérez, Doña Urraca, 1857, óleo s/ tela, 225x140 cm, Colecção Real do Museu do Prado, Madrid

Ema M, D. Maria II, 2014, óleo s/ tela, 49x34cm
 A partir de Joaquim Rafael, Retrato de D. Maria II, 1840, óleo s/ tela, Academia Nacional de Belas-Artes, Lisboa; e de Antonio Manuel de Santa Bárbara, Retrato de D. Maria II, 1850, gravura a água-forte s/ papel, 39x30.5cm, Palácio Nacional da Ajuda

Ema M, D. Maria Leopoldina de Habsburgo, 2014, óleo s/ tela, 50x40cm
A partir de Joseph Kreutzinger, D. Carolina Josefa Leopoldina Francisca Fernanda de Habsburgo-Lorena, 1815, óleo s/ tela, Schönbrunn Palace, Viena

Ema M, D. Isabel de Lancastre, 2014, óleo s/ tela, 62x50cm
A partir de Rogier Van Der Weyden, Retrato de D. Isabel de Lancastre, c. 1450, óleo s/ madeira, 47x36 cm, Getty Museum

Ema M, D. Isabel de Valois, 2014, óleo s/ tela, 46x38cm
A partir de Juan Pantoja de la Cruz, La reina Isabel de Valois, tercera esposa de Felipe II, c.1605, 120.1x84 cm, óleo s/ tela, Museu do Prado, Madrid

Ema M, D. Maria Tudor, 2014, óleo s/ tela, 46x38cm
A partir do Mestre João,  D. Maria Tudor, 1554, óleo s/ madeira 71x50.8 cm, National Portrait Gallery, Londres 

Ema M, D. Mariana Vitória de Bourbon e Habsburgo, 2014, óleo s/ tela, 50x40cm. 
A partir de autor desconhecido, D. Mariana Vitória de Bourbon
(sem data e dimensões), óleo s/ tela, Palácio de Mafra