quarta-feira, 15 de abril de 2009

BY THE BOOK - Fábrica Braço de Prata

Exposição Colectiva na Fábrica Braço de Prata.
Patente ao público de 15 de Abril a 3 de Maio de 2009.

www.projectobythebook.wordpress.com



CALME DES NUITS
Camille Saint Saëns , Calmes des nuits, op.68, Nº1 para coro misto.



Calme des nuits, fraicheur des soirs,
Vaste scintillement des mondes,
Grand silence des antres noirs
Vous charmez les âmes profondes.
L'éclat du soleil, la gaité,
Le bruit plaisent aux plus futiles;
Le poéte seul est
hanté Par l'amour des choses tranquiles.

Les fleurs et les arbres,
Les bronzes, les marbres,
Les ors, les émaux,
La mer, les fontaines,
Les monts et les plains
Consolent nos maux.

Nature éternelle,
Tu sembles plus belle
Au sein des douleurs,
Et l’ art nous domine;
Sa flamme illumine
Le rire et les pleurs.







Calme des Nuits por EMA M

Calme des Nuits, Políptico- instalação (22 peças), 2009, óleo s/ tela, dimensões variáveis.
Fotografia parcial, no atelier.


Calme des Nuits, políptico-instalação, 2009, óleo s/ tela, dimensões variáveis.
Fotografia parcial no atelier.


Vista parcial da instalação de Calme des Nuits na Livraria Ler Devagar,
Fábrica Braço de Prata. A pintura na parede da direita é da autoria de Rui Macedo (Pintura B, 2009, óleo s/ tela, 100x125cm).



Um políptico composto por vinte telas, em acrílico sobre tela, é exposto horizontalmente acima das estantes da livraria Ler Devagar. Cada tela tem pintado um verso do texto acima exibido. Trata-se da letra de Calme des Nuits, canção escrita para coro misto, do compositor Camille Saint Saëns (1835-1921). Antes de cada verso foi colocado um número ordenador de uma leitura que confirma a sua sequência original.

Para quem nunca ouviu esta canção, a sonoridade do poema resume-se à de cada palavra dita, pronunciada, verbalizada. Para quem conhece a obra, a sonoridade melódica de Saint Saëns está implícita. Esta implicação dá-se no reconhecimento de um texto que terá, neste políptico, a função de activar a memória de um outro som que não o das palavras ditas: o som musical.
A pintura é aqui o veículo técnico que permite o registo de uma grafia. Confere ao texto uma visualidade distinta da visualidade de um texto impresso. Pela pintura – através da letra pintada – enfatiza-se a palavra inscrita e a sua visibilidade enquanto grapho, em detrimento da escrita musical – a partitura –, do registo sonoro – uma gravação – e de uma voz (ou vozes) aqui em falta.
A pintura apresenta-se no seu grau mínimo: é medium para mimar graficamente uma tipologia de lettering e transferir a regra ocidental de leitura, caracterizada pela linearidade, aqui sublinhada através das vinte telas. A referência ao nome do compositor e a classificação «opus 68, nº1» são indicadores de ordem autoral, e identificam o número da obra e a sua sequência num conjunto de obras do mesmo autor relevando, nesta representação pictórica, os regimes da citação e da alusão. Citação do texto e alusão à música.


Margarida Prieto
Lisboa, 30 de Março de 2009.